Preparei este artigo para que você não dirija sob o efeito de alguns medicamentos que interferem diretamente em suas habilidades e podem provocar até acidentes.
Conhecer os remédios que não combinam com a direção permite que você possa ver muito além da receita, isto é, mais do que ler as contraindicações nas bulas.
É para ajudar a sociedade a ter um trânsito cada vez mais seguro que estou aqui, apresentando estas dicas de remédios a evitar quando se vai pegar a estrada. Confira.
Efeitos dos medicamentos na direção
A máxima farmacológica já diz que todos os medicamentos que ingerimos têm algum efeito sobre o nosso corpo.
E, na hora de dirigir, reconhecemos que devemos estar fazendo uso de 100% de nossas funções, concentrados, capazes de dar respostas imediatas aos estímulos que vamos recebendo enquanto trafegamos.
É por isso que, mundialmente, há uma série de estudos que relacionam os medicamentos à direção, ainda que, no Brasil, a legislação não seja, por assim dizer, tão “precisa”.
O que diz a legislação sobre os medicamentos e o trânsito
É sabido que, nos países pertencentes à União Europeia, antes de um remédio entrar em circulação, é realizada uma bateria de exames clínicos com o objetivo de identificar como ele altera as percepções do condutor ao volante.
No Brasil, não são feitos testes desse tipo. Tentando minimizar os riscos à sociedade, em 2008, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) recomendou que as embalagens dos medicamentos passassem a conter a frase “se tomar este remédio, não dirija”.
Ainda que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tenha aberto uma consulta pública sobre o tema, a iniciativa não seguiu adiante e, até hoje, os efeitos que os medicamentos podem ter sobre as habilidades para dirigir continuam apenas aparecendo em suas contraindicações.
O que temos como base, no que diz respeito aos medicamentos no trânsito, até então, é dado pela Resolução do CONTRAN nº 425, de 27 de novembro de 2012, que dispõe sobre o exame de aptidão física, mental e a avaliação psicológica dos indivíduos.
Nela, podemos identificar que não há uma separação específica entre os medicamentos (drogas lícitas) das drogas ilícitas, sendo todas classificadas como “substâncias psicoativas que determinem dependência”.
Um dos melhores exemplos dessa redação pode ser encontrado na Lei nº 12.760, de 20 de dezembro de 2012, que ficou comumente conhecida como “Lei Seca”.
Em seus artigos 277 e 306, que alteram o Código de Trânsito Brasileiro, ela trata especificamente de álcool ou “outra substância psicoativa que determine dependência”, sem diferenciar as drogas lícitas daquelas ilícitas.
Não dirija sob o efeito destes medicamentos: lista de remédios que podem atrapalhar o seu desempenho no trânsito
Considerando algumas das habilidades que todos devemos ter no trânsito e relacionando-as aos efeitos de medicamentos pesquisados, elaborei a lista a seguir para que você possa conhecer quais medicamentos não combinam com a direção.
Remédios que causam a perda de atenção: geralmente, a perda de atenção é um efeito colateral de tratamentos com antidepressivos, que também podem estar associados a uma série de outras reações no trânsito, como tontura e fadiga.
Remédios que causam dificuldade de visão: também presente nas contraindicações de antidepressivos, é comum encontramos, em antialérgicos e medicamentos com cortisona, casos em que aparecem sintomas como maior sensibilidade à luz, olhos secos, visão turva.
Remédios que causam confusão: antiepiléticos podem ser o principal exemplo desse item. Além disso, eles podem causar tremores, alucinações e vertigem. Outros medicamentos que podem causar confusão, especialmente no trânsito, são os antialérgicos à base de dexclorfeniramina.
Problemas de concentração: podendo variar em maior ou menor grau, todos os medicamentos com características psicoestimulantes acabam gerando interferência direta na concentração do indivíduo enquanto está no trânsito.
Redução dos reflexos: a maioria dos ansiolíticos causam a redução dos reflexos. Entre eles, cabe um destaque ao Rivotril, devido a sua popularização e ao fato de constar, especificamente em sua bula, a contraindicação de dirigir enquanto estiver sob o seu tratamento. Além dos ansiolíticos, a redução de reflexos ainda pode ser encontrada nas contraindicações de remédios como tranquilizantes e relaxantes musculares.
Além dos remédios que causam sonolência, sobre os quais falaremos a seguir, os neurolépticos são outro tipo que também merece destaque.
Geralmente, receitados para o tratamento de psicoses, os neurolépticos influenciam diretamente nas habilidades básicas que devemos ter ao conduzir um carro: reduz os reflexos, retarda o tempo de reação e é capaz, ainda, de sedar e causar sonolência.
Remédios que causam sonolência: um caso à parte no trânsito
Um estudo realizado pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), em parceria com a ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), apontou que 20% dos acidentes de trânsito são causados pelo sono.
Ainda que a pesquisa não tenha investigado a fundo as origens desse sono, é possível compreender que não é em todos os casos que o indivíduo simplesmente teve uma péssima noite de sono no dia anterior.
Reconhecendo, também, que um dos efeitos mais nocivos dos medicamentos ao trânsito é a sonolência, podemos fazer a seguinte questão: quantos acidentes causados pelo sono são influenciados pelos medicamentos que os condutores ingeriram?
Essa contraindicação, o fato de causar sonolência, está presente em nosso dia a dia, em diversos medicamentos, como analgésicos ou antieméticos, aqueles receitados para enjoos.
Além dessas categorias, ainda cabe salientar que ansiolíticos, tranquilizantes e antiepiléticos são outros tipos de medicamentos que podem causar sonolência e afetar diretamente nas suas habilidades no trânsito.
É importante apontar que a avaliação de distúrbios do sono também está prevista na Resolução do CONTRAN nº 425/2012, em seu artigo 4º, alínea “f”, ainda que, como vimos, a maioria dos medicamentos que podem causar sonolência não esteja diretamente ligada a esses distúrbios do sono investigados no momento de obter ou renovar a CNH.
A receita para um trânsito mais seguro: não dirija sob o efeito destes medicamentos
Tomar cuidado com os remédios ingeridos antes de assumir a direção é um compromisso de todos, já que aquela substância poderá influenciar diretamente nas suas habilidades ao dirigir.
O mais recomendado, também, é sempre perguntar ao seu médico sobre os efeitos que determinado medicamento poderá ter em seu organismo e se você poderá dirigir tranquilamente enquanto estiver fazendo o seu uso.
Contudo, não dirija sob o efeito destes medicamentos que apresentei neste artigo para garantir que as suas habilidades na direção não serão influenciadas e que você não estará correndo o risco de ser enquadrado pela utilização de “substâncias psicoativas que determinem dependência”.
Aprofunde o seu conhecimento neste tema e, se tiver alguma dúvida, sugestão ou comentário, saiba que estou sempre à disposição pelo e-mail doutormultas@doutormultas.com.br ou pelo telefone 0800 6021 543.